Por qual motivo pacientes adultos com TDAH e TOD não tratados têm poucos ou nenhum amigo?
Pacientes adultos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) não tratado frequentemente enfrentam dificuldades em manter amizades devido a uma série de características inerentes ao transtorno. Primeiramente, a impulsividade, uma das principais características do TDAH, pode levar a comportamentos indesejados ou inadequados em situações sociais. Esses comportamentos podem incluir interrupções frequentes durante conversas, dificuldade em esperar a sua vez para falar ou agir, e reações emocionais desproporcionais, o que pode causar desconforto ou irritação nos outros.
Além disso, a desatenção é outra característica do TDAH que pode afetar negativamente as relações sociais. Adultos com TDAH podem ter dificuldade em manter o foco durante conversas, esquecendo detalhes importantes ou falhando em demonstrar interesse nas preocupações e nas histórias dos amigos. Esse comportamento pode ser interpretado como falta de consideração ou desinteresse, afastando potenciais amigos.
A organização e a gestão do tempo também são desafiadoras para adultos com TDAH. A falta de pontualidade, o esquecimento de compromissos e a incapacidade de planejar e seguir adiante com atividades conjuntas podem ser frustrantes para amigos, que podem eventualmente desistir de tentar manter a amizade.
Além disso, adultos com TDAH frequentemente lutam contra sentimentos de baixa autoestima e insegurança, que podem ser exacerbados pela percepção de fracasso em relacionamentos sociais. Esse ciclo de frustração pode levar ao isolamento social, onde o indivíduo opta por evitar interações para prevenir mais decepções e julgamentos negativos.
Por fim, a hiperatividade pode ser menos pronunciada em adultos, mas ainda pode se manifestar como inquietação ou a necessidade constante de estar ocupado, o que pode dificultar a capacidade de se envolver em atividades tranquilas e socialmente interativas.
Esses fatores combinados criam um ambiente em que manter amizades se torna um desafio significativo para adultos com TDAH não tratado. O tratamento adequado, que pode incluir medicação, terapia comportamental e estratégias de manejo do tempo e das habilidades sociais, pode ajudar a mitigar esses problemas, permitindo que os indivíduos desenvolvam e mantenham relacionamentos mais saudáveis e satisfatórios.
Se um paciente adulto com TDAH também tiver Transtorno Opositivo Desafiador (TOD), as dificuldades em manter amizades podem ser ainda mais pronunciadas. O TOD é caracterizado por um padrão persistente de comportamentos negativistas, desafiadores e hostis em relação a figuras de autoridade e, frequentemente, também em relações interpessoais. Esses comportamentos podem incluir discussões frequentes, recusa em seguir regras ou solicitações, irritabilidade, ressentimento e vingança.
No contexto das amizades, essas características podem manifestar-se de várias maneiras prejudiciais. A tendência de argumentar e desafiar pode resultar em conflitos constantes com amigos, tornando as interações sociais tensas e desagradáveis. A recusa em cooperar ou comprometer-se pode levar a uma incapacidade de planejar e participar de atividades conjuntas, frustrando os amigos e dificultando o estabelecimento de conexões significativas.
Além disso, a irritabilidade e o ressentimento frequentes podem tornar a convivência com o indivíduo com TDAH e TOD emocionalmente desgastante para os amigos. A hostilidade e o comportamento vingativo podem fazer com que amigos se sintam inseguros ou desvalorizados, eventualmente optando por se afastar para evitar mais conflitos e emoções negativas.
Esses problemas são exacerbados pela impulsividade e desatenção associadas ao TDAH, criando uma combinação de comportamentos que não apenas dificultam a manutenção de amizades, mas também podem rapidamente deteriorar relacionamentos já estabelecidos.
Além dos efeitos comportamentais diretos, a combinação de TDAH e TOD pode afetar a autoestima e a percepção social do indivíduo. A consciência das dificuldades em manter relações pode aumentar os sentimentos de inadequação e isolamento, criando um ciclo vicioso de comportamento negativo e solidão.
O tratamento de adultos com TDAH e TOD requer uma abordagem multidisciplinar que pode incluir medicação para controlar os sintomas do TDAH, terapia cognitivo-comportamental para ajudar a gerenciar e modificar os comportamentos opositores e desafiadores, e treinamento em habilidades sociais para melhorar a interação com os outros. O apoio psicossocial, incluindo grupos de apoio e aconselhamento, também pode ser benéfico para ajudar o indivíduo a desenvolver estratégias para construir e manter amizades de maneira mais saudável e sustentável.
Ricardo Santana, Neuropsicólogo, CRP15 0190, (82)99988.3001, Maceió/AL
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