Altas habilidades e superdotação
O entendimento tradicional de superdotação se concentra em habilidades intelectuais superiores, frequentemente medidas por testes de QI. Em geral, um indivíduo é considerado superdotado se seu desempenho intelectual, medido por esses testes, for superior a 98% da população, ou seja, se tiver um QI acima de 130. No entanto, essa visão pode ser limitada, uma vez que superdotação envolve múltiplas dimensões que não podem ser plenamente captadas por um único teste
Nos últimos anos, houve uma ampliação do conceito de altas habilidades, considerando não apenas o potencial acadêmico e intelectual, mas também áreas como liderança, criatividade e talentos artísticos. Por exemplo, o modelo tripartido de Renzulli propõe que a superdotação é resultado da interação de três componentes: habilidade acima da média, altos níveis de criatividade e um forte comprometimento com a tarefa. Esse modelo reflete a ideia de que a superdotação vai além da simples capacidade cognitiva, integrando traços motivacionais e criatividade.
As altas habilidades podem ser observadas em diferentes áreas. Algumas crianças superdotadas têm habilidades profissionais em matemática, enquanto outras podem se destacar em áreas mais criativas, como música, arte ou escrita. Há também aqueles que demonstram liderança e habilidades interpessoais muito acima da média. O ponto comum é que essas crianças têm um desenvolvimento muito mais rápido em suas áreas de interesse em comparação com seus pares, o que pode levar a necessidades educacionais específicas.
A identificação de altas habilidades e superdotação é um processo complexo que deve ser multidimensional, envolvendo diferentes métodos de avaliação, como testes de inteligência, observação de comportamento, avaliações acadêmicas e relatórios de pais e professores. Contudo, um grande desafio é que muitos superdotados não são identificados corretamente, seja por falta de acesso a recursos, estereótipos ou falta de compreensão sobre os diferentes perfis de superdotação. Alguns superdotados não podem se destacar academicamente, mas possuem habilidades notáveis em outras áreas, como criatividade ou habilidades sociais.
Além disso, é importante destacar que nem todas as crianças com altas habilidades apresentam o mesmo perfil. Existem diferentes tipos de superdotados. Há aqueles que demonstram alto desempenho acadêmico desde cedo e continuam a se destacar ao longo da vida escolar. Por outro lado, alguns superdotados são chamados de “dupla excepcionalidade”, porque além de apresentarem altas habilidades, também apresentam algum tipo de dificuldade de aprendizagem ou transtorno, como dislexia ou TDAH. Essas crianças enfrentam desafios significativos para atingir seu pleno potencial devido às barreiras impostas podem pela dificuldade de aprendizagem, o que pode mascarar suas capacidades.
O apoio a indivíduos com altas habilidades e superdotação é essencial para garantir que eles possam desenvolver seu potencial ao máximo. Um dos principais desafios na educação desses indivíduos é a necessidade de programas diferenciados, que consideram suas características únicas. Muitas vezes, essas crianças se sentem entediadas ou desmotivadas em ambientes escolares tradicionais, que não oferecem estímulos adequados para seu nível de habilidade e ritmo de aprendizagem. Isso pode levar à frustração, ao desinteresse, etc.
Para evitar esses problemas, é fundamental que o sistema educacional ofereça estratégias de ensino diferenciadas, como melhoria de séries, agrupamento por habilidades, enriquecimento curricular e programas extracurriculares que desafiem os superdotados e permitam que explorem suas áreas de interesse de maneira mais aprofundada. Além disso, a capacitação de professores para identificar e apoiar esses alunos é crucial. Muitas vezes, os professores não estão preparados para lidar com as necessidades específicas dos estudantes superdotados, o que pode resultar em uma educação específica para esses indivíduos.
Outro aspecto a ser considerado é o bem-estar emocional dos superdotados. Muitas crianças com habilidades altas desafios emocionais e sociais. Eles podem se sentir isolados de seus colegas devido às diferenças de interesse e capacidade, o que pode levar à solidão e aos problemas de autoestima. Além disso, alguns podem sentir a pressão de expectativas elevadas por parte dos pais ou professores, o que pode causar ansiedade e estresse. Portanto, além de oferecer suporte acadêmico, é importante que essas crianças tenham acesso a aconselhamento e apoio emocional para ajudá-las a lidar com a pressão associada à superdotação.
Finalmente, é essencial considerar que a superdotação não é um destino garantido de sucesso. Muitas vezes, há uma suposição de que pessoas superdotadas automaticamente atingem grandes feitos na vida adulta, mas o potencial deve ser trabalhado e apoiado para que possa florescer. Sem o suporte adequado, muitos superdotados podem se perder no sistema educacional ou no mercado de trabalho, sem conseguir transformar suas habilidades em realizações.
Habilidades altas e superdotação são específicas e complexas que envolvem várias dimensões do desenvolvimento humano. A identificação e o apoio adequados a esses indivíduos são fundamentais para garantir que eles possam alcançar seu pleno potencial, tanto academicamente quanto emocionalmente. Isso requer uma abordagem educacional e psicológica diferenciada, que leve em conta as necessidades únicas de cada indivíduo, bem como a criação de ambientes que promovam seu desenvolvimento em todas as suas face.
Ricardo Santana, Neuropsicólogo, CRP15 0190, (82)99988.3001, Maceió/AL
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