Adultos com TEA e o trabalho
Adultos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) enfrentam diversos desafios no ambiente de trabalho, que incluem desde dificuldades de comunicação e interação social até barreiras sensoriais e preconceitos enraizados na sociedade. Uma das principais dificuldades está relacionada à comunicação verbal e não verbal. Indivíduos com TEA podem ter dificuldades em interpretar nuances, expressões faciais e linguagem corporal, o que pode levar a mal-entendidos com colegas e superiores. Além disso, a comunicação direta e literal, característica de muitos indivíduos com TEA, pode ser mal interpretada em ambientes onde a comunicação indireta é a norma (IBAC, 2024).
A hipersensibilidade sensorial é outro desafio significativo. Ambientes de trabalho com iluminação intensa, ruídos constantes ou movimentação excessiva podem causar desconforto, afetando a concentração e o desempenho profissional. Essa sobrecarga sensorial frequentemente resulta em estresse e ansiedade, comprometendo a saúde mental e a produtividade dos indivíduos (A Mente é Maravilhosa, 2024).
A resistência a mudanças e a necessidade de rotina são outras características frequentemente associadas ao TEA. Alterações inesperadas nas tarefas ou no ambiente de trabalho podem gerar desconforto e dificuldade de adaptação, prejudicando o desempenho. A falta de flexibilidade das organizações para acomodar essas necessidades tende a agravar esses desafios (IBAC, 2024).
Além disso, o estigma e a falta de compreensão sobre o autismo contribuem para a exclusão e a discriminação no ambiente de trabalho. Dados indicam que aproximadamente 85% dos adultos com TEA estão desempregados, muitas vezes devido à falta de oportunidades e ao despreparo das empresas em atender às necessidades específicas dessa população (RH Pra Você, 2024).
Embora a legislação brasileira, por meio da Lei nº 12.764 de 2012, institua a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e preveja o estímulo à inserção dessas pessoas no mercado de trabalho, sua implementação ainda enfrenta desafios significativos. Isso inclui o despreparo das empresas e a persistência de preconceitos culturais (Conjur, 2024).
Para promover a inclusão efetiva, empregadores precisam adotar medidas como a adaptação do ambiente físico para minimizar estímulos sensoriais excessivos, flexibilizar rotinas e capacitar equipes para compreender e respeitar as particularidades dos colegas com TEA. Valorizar as habilidades únicas dessas pessoas, como atenção aos detalhes e concentração em tarefas específicas, pode ser altamente benéfico para as organizações (IBAC, 2024).
Adultos com TEA enfrentam múltiplas dificuldades no ambiente de trabalho que demandam ações coordenadas por parte de empregadores, colegas e formuladores de políticas públicas. A criação de ambientes inclusivos e adaptados às necessidades individuais é essencial para garantir a plena participação e o desenvolvimento profissional dessas pessoas na sociedade.
Referências
IBAC. Autismo e o mercado de trabalho. Disponível em: https://ibac.com.br/autismo-e-o-mercado-de-trabalho.
A Mente é Maravilhosa. Dificuldades de trabalho enfrentadas por pessoas com autismo. Disponível em: https://amenteemaravilhosa.com.br/dificuldades-de-trabalho-enfrentadas-por-pessoas-com-autismo.
RH Pra Você. Inclusão falha: somente 15% dos profissionais com TEA estão empregados. Disponível em: https://rhpravoce.com.br/redacao/inclusao-falha-somente-15-dos-profissionais-com-tea-estao-empregados.
Conjur. Desafios enfrentados pelo autista e seus familiares no meio ambiente do trabalho. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2024-abr-11/desafios-enfrentados-pelo-autista-e-seus-familiares-no-meio-ambiente-do-trabalho.
Ricardo Santana, Neuropsicólogo, CRP15 0180 (82)99988.3001, Maceió/AL
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