Movimentos repetitivos estereotipados

 


Movimentos repetitivos estereotipados, como balançar o corpo para frente e para trás, são frequentemente associados ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas não são exclusivos dele. Eles podem aparecer em diversos outros transtornos e condições, incluindo:

Transtorno do Movimento Estereotipado (TME):

Esta é uma condição primária onde a pessoa realiza movimentos repetitivos, muitas vezes rítmicos, sem um objetivo específico. O balançar o corpo é um dos exemplos mais comuns.

Para ser diagnosticado como TME, os movimentos devem durar pelo menos quatro semanas e interferir na rotina da pessoa.

Eles podem variar de leves a graves, e tendem a aumentar em situações de estresse, frustração ou tédio.

Outros Transtornos do Neurodesenvolvimento:

Deficiência Intelectual: É comum observar estereotipias em indivíduos com deficiência intelectual, como uma forma de autoestimulação ou regulação sensorial.

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): Embora menos proeminentes do que no autismo, pessoas com TDAH também podem apresentar movimentos repetitivos como uma forma de liberar excesso de energia ou focar.

Síndrome de Tourette: Embora a Tourette seja mais conhecida pelos tiques (movimentos ou vocalizações súbitos, rápidos e não rítmicos), algumas de suas manifestações podem se assemelhar a estereotipias em complexidade.

Transtornos Psiquiátricos:

Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): As compulsões do TOC são comportamentos repetitivos (que podem incluir movimentos) realizados para neutralizar pensamentos intrusivos indesejados (obsessões) e reduzir a ansiedade. A diferença é que, no TOC, há uma motivação cognitiva por trás dos movimentos.

Esquizofrenia: Em alguns casos, indivíduos com esquizofrenia podem apresentar comportamentos repetitivos e estereotipados, especialmente aqueles com sintomas catatônicos.

Transtornos de Ansiedade e Depressão: Em situações de ansiedade ou estresse, pessoas podem desenvolver movimentos repetitivos como uma forma de auto-regulação ou descarga de tensão.

Condições Neurológicas e Médicas:

Discinesia Tardia (DT) e Distonia Tardia: São distúrbios de movimento que podem surgir como efeito colateral do uso prolongado de certos medicamentos, especialmente antipsicóticos. Podem causar movimentos involuntários e incontroláveis, incluindo estereotipias.

Demências (como a Degeneração Frontotemporal): Algumas formas de demência podem levar a alterações comportamentais, incluindo movimentos repetitivos e rituais.

Encefalites: Infecções ou inflamações do cérebro (encefalites) podem resultar em diversos distúrbios de movimento, incluindo estereotipias.

Traumatismo Craniano: Lesões cerebrais podem, em alguns casos, levar ao desenvolvimento de movimentos estereotipados que podem ser permanentes.

Síndrome de Rett e Síndrome do X Frágil: São condições genéticas que frequentemente incluem movimentos estereotipados como parte de seus sintomas.

Doença de Huntington: Esta é uma doença neurodegenerativa que causa movimentos involuntários e pode incluir estereotipias.

Importante:

Diferença entre Tiques e Estereotipias: Embora ambos sejam movimentos repetitivos, os tiques são geralmente mais rápidos, súbitos e não rítmicos, e o indivíduo pode ter uma sensação premonitória (como uma urgência) antes de realizá-los. As estereotipias, por outro lado, são mais rítmicas, padronizadas, podem durar mais tempo e, muitas vezes, são prazerosas ou autorregulatórias para a pessoa.

Normalidade em crianças: É importante notar que alguns movimentos repetitivos, especialmente os mais simples como balançar, podem ser comuns em crianças pequenas com desenvolvimento típico e muitas vezes desaparecem com o tempo.

A avaliação por um profissional de saúde mental, como um neuropsicólogo, neurologista, psiquiatra ou neuropediatra, é fundamental para determinar a causa dos movimentos estereotipados e estabelecer o diagnóstico e o plano de tratamento adequados.

Ricardo Santana, Neuropsicólogo, CRP15 0180, (82)99988-3001, Maceió/AL


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