Depressão

A depressão é um transtorno mental caracterizado por uma profunda tristeza, perda de interesse e prazer em atividades cotidianas, além de uma série de sintomas emocionais, cognitivos e físicos que comprometem significativamente o funcionamento do indivíduo. É uma condição complexa que vai muito além do simples sentimento de tristeza, podendo afetar todas as áreas da vida da pessoa.

Conceito de depressão

A depressão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um transtorno mental que impacta o humor, a motivação e a capacidade cognitiva, interferindo na qualidade de vida e nas relações sociais. Ela é considerada uma doença multifatorial, envolvendo aspectos biológicos, psicológicos e sociais. A depressão pode variar de leve a grave, e pode ser episódica ou crônica.

Sintomas

Os sintomas da depressão são amplos e podem se manifestar de forma diferente em cada indivíduo, mas geralmente incluem:

- Tristeza persistente, sensação de vazio ou desesperança

- Perda de interesse ou prazer em quase todas as atividades

- Fadiga e perda de energia

- Alterações no apetite e no peso (aumento ou diminuição)

- Distúrbios do sono (insônia ou sono excessivo)

- Dificuldade de concentração, tomada de decisões e memória

- Sentimentos de inutilidade, culpa excessiva ou inadequada

- Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida ou tentativas de suicídio

- Agitação ou lentidão motora visível

Tipos de depressão

Existem diversos tipos de depressão, entre os principais destacam-se:

- Depressão maior (episódio depressivo maior): Episódio intenso de sintomas que duram ao menos duas semanas, afetando severamente o funcionamento.

- Distimia: Forma crônica, com sintomas menos severos, porém persistentes por pelo menos dois anos.

- Transtorno depressivo persistente: Combinação de sintomas leves a moderados que duram por longo período.

- Depressão pós-parto: Ocorre após o nascimento do bebê, com sintomas que afetam a mãe.

- Depressão psicótica: Associada a delírios ou alucinações.

- Depressão atípica: Apresenta sintomas como aumento do apetite, sonolência e sensibilidade à rejeição.

Avaliação psicológica

A avaliação para diagnóstico da depressão inclui uma entrevista clínica detalhada com o psicólogo ou psiquiatra, onde são explorados o histórico do paciente, os sintomas atuais, o impacto na vida pessoal e profissional, além de possíveis fatores desencadeantes. São utilizados instrumentos padronizados, como questionários específicos para depressão (por exemplo, a Escala de Depressão de Beck). A avaliação também pode envolver a exclusão de condições médicas que provoquem sintomas semelhantes.

Além da avaliação clínica, o terapeuta observa aspectos emocionais, cognitivos e comportamentais do paciente para entender a extensão do sofrimento e as áreas afetadas, o que guiará o plano terapêutico.

A interferência da depressão no corpo

Embora seja um transtorno mental, a depressão afeta todo o organismo, manifestando sintomas físicos intensos que são frequentemente subestimados. A neuroquímica cerebral fica alterada, com desequilíbrios em neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina. Isso pode provocar:

- Alterações do sono e do apetite

- Problemas gastrointestinais

- Dores musculares e de cabeça sem causa médica aparente

- Redução da imunidade

- Fadiga crônica e baixa energia

Assim, a depressão é uma doença que, ao atingir o estado mental, repercute em todo o corpo, agravando o sofrimento geral.

Tratamentos utilizados

O tratamento da depressão costuma ser multidisciplinar, envolvendo psicoterapia, medicação e, em alguns casos, intervenções complementares. A escolha depende da gravidade, da resposta individual e da avaliação terapêutica.

- Psicoterapia: É fundamental para tratar a depressão, sendo as abordagens mais usadas a terapia cognitivo-comportamental (TCC), a terapia interpessoal e a terapia psicodinâmica. A psicoterapia ajuda o paciente a reconhecer padrões negativos de pensamento, lidar com emoções e desenvolver estratégias de enfrentamento.

- Medicação: Antidepressivos (inibidores seletivos da recaptação de serotonina, tricíclicos, entre outros) são prescritos para equilibrar os neurotransmissores e aliviar os sintomas físicos e emocionais.

- Avaliação terapêutica: Durante o acompanhamento, o terapeuta avalia a evolução dos sintomas, adapta as técnicas e verifica a adesão ao tratamento, reconhecendo a importância do suporte emocional e da escuta ativa.

- Outras terapias: Exercícios físicos, mudanças no estilo de vida, técnicas de relaxamento e, em casos graves, tratamentos como terapia eletroconvulsiva podem ser indicados.

A depressão é uma condição complexa que exige avaliação criteriosa e tratamento personalizado para alcançar a melhora do indivíduo em suas esferas mental, emocional e física. O acompanhamento psicológico é essencial para que o paciente possa recuperar sua qualidade de vida e funcionalidade.

Ricardo Santana, Neuropsicólogo, CRP15 0180, (82)99988-3001, Maceió/AL

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